quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

IX COLÓQUIO NACIONAL E II INTERNACIONAL DO MUSEU PEDAGÓGICO

TRABALHO APRESENTADO PELO BOLSISTA ISLAN TELES AMORIM

A DIALÉTICA: HISTÓRICO E CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS

Autores:
Fátima Moraes Garcia*
Islan Teles Amorim**

Resumo:
O texto em questão trata de embasamentos teóricos sobre a Dialética através da contribuição de pensadores e filósofos de diferentes épocas, por considerarmos suas abordagens imprescindíveis para explicar as origens filosóficas da Dialética. Motivo que, o objetivo principal deste ensaio trata da necessidade de resgatar a história da Dialética como fonte de conhecimento para os estudos sobre o materialismo histórico dialético.
Palavras-Chave: História, Dialética, Filósofos


Abstract:
summary The text in question deals with theoretical background on the dialectic through the contribution of thinkers and philosophers from different times, because we believe their approaches are essential to explain the philosophical origins of the Dialectic. Reason, the main objective of this paper addresses the need to rescue the history of dialectics as a source of knowledge for the study of dialectical historical materialism.
Keywords: History, Dialectic, Philosophers


I.    INTRODUÇÃO: Primeira contextualização do tema

Neste ensaio buscamos tratar de embasamentos teóricos sobre a Dialética através da contribuição de alguns pensadores e filósofos de diferentes épocas históricas, especialmente por considerarmos imprescindíveis suas abordagens para explicar as origens filosóficas da Dialética e suas possibilidades de vir a ser o método da transformação social.
Para a dialética tudo está interligado, ao se pensar no homem se pensa no educador, no pai, no operário, no rico e no pobre, no opressor e no oprimido, se pensa no que um deixa de ser por causa do outro e o que ambos significam na (para a) sociedade em que vivem.
O mundo em que vivemos é a nossa própria construção social, mesmo esta sendo uma realidade mediada pela opressão, manipulação, violência (não só a violência urbana causada pela pobreza e abandono, mas principalmente pela violência do Estado-Nação sobre seu povo). Não somos, enquanto classe oprimida, totalmente responsável pela direção das relações sociais que vivemos, pois devemos reconhecer que tal direção é fruto de um todo histórico, onde os maiores responsáveis têm sido aqueles setores/grupos detentores de poderes, como por exemplo: proprietários de latifúndios, políticos e partidos, empresários, etc.
Será que podemos dar a esta sociedade capitalista outra direção? Talvez seja possível, mas as mudanças deverão ser tanto externas como internas, ou seja, deverão partir de iniciativas de grupos, do coletivo e do individual (do trabalhador/a, do pai, da mãe, do professor/a). Para encontrarmos a possibilidade de mudança, muitas realidades concretas (ordens sociais específicas) devem sofrer mudanças, por exemplo, as Escolas, se elas passarem a educar para o pensamento livre/autônomo e a consciência política, já teremos aqui um caminho para a transformação de algumas relações sociais.  Pois ao lembrar a frase de Marx   “não é a consciência dos homens que determinam a realidade: ao contrário, é a realidade social que determina sua consciência”, percebe-se a necessidade de aprofundamento dessa compreensão e como essa relação ocorre concretamente entre os indivíduos.
No desenvolvimento desta temática trataremos de forma introdutória a história da dialética, como um elemento de compreensão de seu significado para a Filosofia, principalmente como base para o que estamos estudando/aprofundando a respeito da filosofia da práxis transformadora .
Importante situar o leitor que este estudo está dividido em outros ensaios que o complementam, que tratam dos seguintes temas: estudos filosóficos e a relação com o método do materialismo histórico dialético de Marx; e, a relação desse método com a educação transformadora e o novo educador .
Portanto, aqui, como objetivo principal do ensaio tem-se “a necessidade de resgatar a história da Dialética como fonte de conhecimento para os estudos sobre o materialismo histórico dialético”.

II – A DIALÉTICA: Contexto histórico e os pensadores

Apesar de encontrarmos algumas contradições em relação às datas em que viveram os precursores da Dialética, encontramos um pouco de sua história em obras e textos de Lakatos (1995); Konder (1989); Gadotti (1995), entre outros.  Procuramos estudar estes autores e suas obras e/ou textos porque tratam especificamente sobre o método dialético e a relação deste com o materialismo histórico de Marx.
Não temos como afirmar quem realmente foi o fundador da dialética, pois o reconhecido filósofo grego, Aristóteles considerava Zênon de Eléa (aprox. 490 – 430 a.C.), outros afirmam que foi Sócrates (469 – 399 a.C.).
De acordo com Frigotto (1994), tanto para Zênon de Eléa como para Sócrates, ambos entendiam a dialética como “arte do diálogo”. E em Konder (1989), ao descrever uma passagem de Sócrates a respeito da dialética como um pressuposto da filosofia, descreve:

Sócrates desafiou os generais Lachés e Nícias a definir em o que era a bravura e o político Calidés a definir o que era a política e a justiça para demonstrar a eles que só a filosofia – por meio da dialética – podia lhes proporcionar os instrumentos indispensáveis para entenderem a essência daquilo que faziam, das atividades profissionais a que se dedicavam” (KONDER, 1989, p. 07).


Nos estudos de Gadotti (1995), a dialética é ainda anterior a Sócrates, visto que Lao Tsé, (autor do livro Tao Tö King), que viveu sete séculos antes de Cristo, já a havia introduzido em sua doutrina, fato que leva Gadotti a considerar Lao Tsé o verdadeiro precursor da Dialética.
Porém, a dialética que hoje conhecemos como lógica inerente a natureza, aos homens, ao conhecimento e à sociedade, vem de Zênon de Eléia, o qual a considerava uma “filosofia da aparência”.
Encontramos, no entanto, enfaticamente datado por Konder (1989), Lakatos (1995) e Gadotti (1995), o pensador grego Heráclito de Efeso (aprox. 540 – 480 a.C.), sendo visto como o pensador dialético mais radical da Grécia Antiga. Segundo Lakatos (1995), Heráclito via a realidade como um constante devir, onde nela encontrava-se a luta dos opostos; a possibilidade de mudança  através da constatação de que é por meio do conflito que tudo se altera. Refere-se Konder (1989) que nos fragmentos deixados por Heráclito, pode-se ler que o conflito é o pai e o rei de todas as coisas.
Entre tais fragmentos, (nº 91), encontramos a conhecida frase de Heráclito “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio, porque da segunda vez não será o mesmo homem e nem estará se banhando no mesmo rio”, pois entre o tempo dado de uma ação a outra, tanto o rio como o homem já sofreram mudanças.
O pensamento de Heráclito sobre mudança dava-se da seguinte forma: para ele as coisas e o homem viviam em constante transformação, onde deixavam de ser o que eram e passavam a ser o que antes não eram. Devido sua forma de pensar o homem e o mundo, os gregos consideravam sua concepção bastante abstrata, referindo-se a ele como “o obscuro”. Mesmo assim, Heráclito tinha convicção de que não existia qualquer estabilidade no ser.
Os gregos consideravam esta forma de pensamento abstrato e obscuro, motivo que passaram a concordar mais com as respostas dadas por Parménides sobre a essência das coisas (do homem, da natureza...). Para Parménides “a essência profunda do ser era imutável e dizia que o movimento (a mudança) era um fenômeno de superfície”, (Konder, 1989, p. 09). O pensamento de Parménides – contemporâneo a Heráclito – prevaleceu sobre a dialética e ficou conhecido como metafísico.

Assim, enquanto a dialética originava-se pela possibilidade de explicação do movimento e da transformação das coisas (por Heráclito), tinha-se em Parménides a origem da metafísica, por “sustentar que o movimento era uma ilusão e que tudo era imutável”, (Gadotti, 1995, p. 94).
Para Konder (1989) a dialética na acepção moderna significa o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.
Podemos dizer, com cuidado/reservas que a metafísica, ao ser contemplada, com mais entusiasmo no meio científico do que a dialética, comprometeu de forma significativa o desenvolvimento desta, enquanto conhecimento teórico-prático. Konder (1989) salienta que a metafísica permitiu que se desenvolvesse o conhecimento científico dos aspectos mais estáveis da realidade, onde ao mesmo tempo dificultou enormemente o aprofundamento do conhecimento científico dos aspectos mais dinâmicos e mais instáveis da realidade, ou seja, dificultou o olhar científico e crítico sobre a dinâmica do homem, da natureza, do social..., em seus aspectos mais singulares e plurais, que somente a dialética nos permite conhecer e analisar.
Mas por que a dialética foi reprimida, principalmente desde seu surgimento?
Encontramos em praticamente todos os regimes políticos/societários, desde os mais remotos, Antiguidade e Idade Média, o poder de dominação por parte de grupos ou classe(s) sobre outros (as). Como por exemplo, a dominação de escribas, escravos, operários/trabalhadores assalariados, dados cada um a sua época, por grupos que tinham poder através da igreja, de terras, de dinheiro/capital.
Têm-se uma construção histórica que separa a sociedade em pobres e ricos, em escribas e nobres, em escravos e senhores, em fim, em operários e empresários, em público e privado, observa-se que houve uma ‘evolução’ histórica nas relações sociais, isto porque sofreram suas devidas transformações. Sendo assim, percebemos uma dinâmica social (dialética) ou uma estagnação social, ou seja, uma metafísica onde as coisas são imutáveis?
Percebemos que a metafísica se engana ao criticar a dialética, referindo-se a ela como ilusão, abstração e mais ainda defendendo a imutabilidade do ser. Se o ser é imutável, segundo a metafísica, como foi possível o desenvolvimento econômico, social, cultural, político das sociedades, como chegamos até aqui?
Na verdade a metafísica busca, ideologicamente enganar, forjar e manipular o homem para que possa prevalecer os interesses das classes dominantes (o que é um fato observado na historia da humanidade).
Explicação que encontramos em Konder, onde relata:

A concepção metafísica prevaleceu, ao longo da história, porque correspondia, nas sociedades divididas em classes, aos interesses das classes dominantes, sempre preocupadas em organizar duradouramente o que já está funcionando, sempre interessados em amarrar bem tanto os valores e conceitos como as instituições existentes, para impedir que os homens cedam à tentação de querer mudar o regime social vigente”.(KONDER, 1989, p. 09).

A dialética sofreu inúmeras reduções e, por bons e longos anos, sobreviveu tendo que renunciar às suas expressões mais drásticas, tendo inclusive que se conciliar com a metafísica. Temos, por exemplo, em Aristóteles  um dos mais significativos filósofos como responsável pela sobrevivência da dialética. Marx considerava Aristóteles o maior pensador da Antiguidade, mesmo este considerando a dialética apenas como atividade crítica, como auxiliar da filosofia. De certa forma Aristóteles conseguiu conciliar a dialética e a metafísica através de sua teoria sobre ato e potência, onde as “mudanças existem, mas são apenas atualizações de potencialidades que já preexistem, mas que ainda não foram desabrochadas” (Gadotti, 1995, p. 95).
Konder (1989) acrescenta a respeito de Aristóteles que, para ele, “todas as coisas possuem determinadas potencialidades; os movimentos das coisas são potencialidades que estão se transformando em realidade efetivas” (p. 10).  Aristóteles conseguiu, através de seus conceitos de ato e potência, impedir que o movimento fosse considerado uma ilusão desprezível e, mais ainda, um aspecto superficial da realidade. Graças a este pensador, outros filósofos continuaram dando valor ao estudo sobre o lado dinâmico e mutável do real.
Ainda que Aristóteles tivesse feito sobreviver a dialética, esta permaneceu num segundo plano em relação à metafísica até o Renascimento. É no século do Renascimento (XVI) e descoberta da América, que “as artes e as ciências se insurgiram contra os hábitos mentais da Idade Média: mostraram que o universo era muito maior e mais complicado do que os ideólogos medievais pensavam; e mostraram que o ser humano era potencialmente muito mais livre do que eles imaginavam (Konder, 1989).
O filósofo Platão (420-348 a.c.) considerava a dialética como um método de ascensão ao inteligível – método de dedução racional das idéias. Gadotti (1995) afirma que Platão via a dialética como uma técnica de pesquisa, a qual poderia ser aplicada mediante a colaboração de duas ou mais pessoas, através de perguntas e respostas, ou seja, o conhecimento deveria nascer desse encontro, pela reflexão coletiva, pela disputa e não pelo isolamento. Basicamente o processo de produção do conhecimento dava-se em dois momentos; “o primeiro consistia em reunir sob única ideia as coisas dispersas, tornando-as, claras e comunicáveis; o segundo momento consistia em dividir novamente a idéia em partes”, (idem, p.95).
Gadotti (1995), ao referir-se ao platonismo, salienta que este, ao ressurgir três séculos depois de Cristo, ressurge também o debate sobre a dialética, com o filósofo Plotino (203-259) o qual a considerava como parte da filosofia e não apenas um método. A dialética, enquanto método, predominou na Idade Média, juntamente com a retórica e a gramática, vista apenas como arte liberal, isto é, como forma de discernir o verdadeiro do falso.
Tanto a dialética se fazia importante na explicação do movimento e na possibilidade de transformação das coisas que a Igreja tratou de fazer da filosofia um conhecimento único da teologia dispensando à dialética. Entende-se esta atitude da igreja devido ao seu caráter ideológico, que naquele período (Idade Média),  já se fazia dominante - a igreja correspondia a ideologia das classes dominantes - ou melhor, a ideologia dessas classes era monopólio da Igreja. Konder (1989) explica que, “a própria palavra dialética se tornou uma espécie de sinônimo da lógica (ou então..., empregada a alguns casos, como o significado pejorativo de ‘lógica das aparências’)”, (p. 11).
Ao referir-se ao imperialismo da Teologia, ideologia dominante na Idade Média, Konder (idem) refere-se à Petrus Damianus (1007-1072), como um dos ideólogos mais famosos do século XI, o qual dizia, “para o ser humano, a única coisa importante era a salvação de sua alma”, onde a maneira mais segura para tal era tornar-se monge – e este não precisava de filosofia.
Por volta do século XIV, Konder (idem) relata que a sociedade feudal começa a sofrer mudanças, o comércio passa a se desenvolver significativamente e os hábitos das pessoas a se modificar.
A partir deste período histórico (XVI a XVII), se faz importante citar algumas passagens de Konder para compreendermos onde e quando a dialética passa das reflexões filosóficas e começa a participar das reflexões sobre a sociedade, (sobre as relações sociais – transição da sociedade feudal para a moderna).
 Segundo Konder, tanto Montaigne como os pensadores do século XVII viviam e pensavam, de certo modo, numa situação de isolamento em relação à dinâmica social, em relação aos movimentos políticos da época. Os filósofos, até então, relacionavam-se com personalidades dessa sociedade, mas não possuem ligação com organizações ou tendências que refletissem questões voltadas à base da sociedade .
O que nos faz entender que restava a esses filósofos uma visão superficial, otimista, melancólica e até negativista sobre o processo transformador da condição humana e das estruturas sociais.
A dialética, então ressurge com força no século XVI com Montaigne (1533 - 1592), o qual se referia a ela da seguinte maneira: “todas as coisas estão sujeitas a passar de uma mudança a outra; a razão, buscando nela uma subsistência real, só pode frustrar-se, pois nada pode apreender de permanente, já que tudo está começando a ser – e absolutamente ainda não é – ou então já está começando a morrer antes de ter sido”, (Konder, 1989, p.15).
Somente, aproximadamente, na segunda metade do século XVIII os filósofos passam a ter outras relações com a realidade social, adquirindo outras visões sobre a História do Homem. Pode-se dizer que esse amadurecimento do pensamento filosófico, teve suas origens a partir das ideias iluministas, que significou um movimento de preparação para a Revolução Francesa, 1837, (Castro, 1974).
Konder salienta que,


[...] os filósofos iluministas acompanharam de perto as reivindicações plebéias, as articulações da burocracia, as manifestações políticas nas ruas, a rápida mudança nos costumes, perceberam que o que restava do mundo feudal devia desaparecer e pretenderam contribuir para que o mundo novo, que estava surgindo, fosse um mundo racional. (KONDER, 1989, p.16).


Mesmo os iluministas, vivendo este período de transformação social, não procuravam refletir profundamente sobre suas contradições internas, e, portanto, os filósofos/pensadores não colaboraram substancialmente para o avanço da dialética.
Os iluministas não interferiram na transformação social, que nascia/surgia das bases sociais, apenas apoiavam as iniciativas e a fortaleciam com suas retóricas/teorias. Porém, encontramos entre os filósofos iluministas, Denis Diderot (1713-1784), o qual trouxe em suas obras ricas colaborações para a concepção dialética de mundo. Algumas de suas idéias são relatadas por Konder (1989): “Sou como sou..., porque foi preciso que eu me tornasse assim. Se mudarem o todo necessariamente eu também serei modificado..., o todo está sempre mudando” (p.16).  Em uma das obras de Diderot “Suplemento à Viagem de Bougauville”, publicado em 1796, este filósofo dirigia-se a seus leitores aconselhando-os da seguinte maneira: “examine todas as instituições políticas, civis e religiosas ou muito me engano ou vocês verão nelas o gênero humano subjugado, a cada século mais submetido ao jogo de um punhado de meliantes”, recomendando aos seus leitores: “desconfiem de quem quer impor ordem”.
Também encontramos em Rousseau (1712-1778), um dos grandes filósofos que na segunda metade do século XVIII trouxe contribuições valiosas para a dialética. Para Rousseau (que não era iluminista), por tanto não confiava na razão humana, preferia confiar na natureza, pois para ele os homens nasciam livres, a natureza lhes dava a vida com liberdade e a organização da sociedade limitava o exercício dessa liberdade natural.
Pelas palavras de Konder (1989), Rousseau concluiu que os conflitos de interesses entre os indivíduos havia se tornado exagerado, onde a propriedade se encontrava mal distribuída, o poder estava concentrado em poucas mãos e as pessoas se encontravam escravizadas ao seu próprio egoísmo. Por isso Rousseau considerava necessária uma democratização da vida social.

III. CONCLUSÕES PRELIMINARES

Encontramos, então, a dialética sendo valorizada no século XVIII, pelas abordagens de Diderot, atingindo finalmente seu apogeu com Hegel e tão logo sofrendo uma evolução considerável, em conceito, em compreensão, através do pensamento de Marx, século XIX.
Na intenção de apresentar uma síntese sobre o processo dos estudos que estamos realizando, encontramos em Lakatos (1995), uma organização criada por Thlheimer (1979) que define a dialética em quatro significantes fases históricas as quais vêm ao encontro, das abordagens apresentadas em parte neste ensaio, são elas:
1.    A dos filósofos jônicos, cujo principal representante é Heráclito, desenvolvendo a dialética da sucessão;
2.    A de Aristóteles, dialética de coexistência; esta fase está em contradição com a primeira, da qual é a negação;
3.    A de Hegel, que reuniu as duas, elevando-as a uma fase superior, ao mesmo tempo em que desenvolvia a dialética da sucessão da coexistência, de forma idealista; portanto dialética histórica idealista;
4.    A de Marx e Engels, denominada dialética materialista. Nesta, a importância primeira é dada à matéria: o pensamento e o universo estão em perpétua mudança, mas não são as mudanças das ideias que determinam as das coisas.

A partir deste breve resgate sobre a história da dialética e seus precursores podemos finalmente partir para a dialética de Marx, que é o foco principal dos ensaios subseqüentes. Ter aqui contextualizado a Dialética, a partir dos pensadores destacados, trazendo alguns aspectos de suas raízes históricas, faz parte de uma necessidade epistemológica de conhecimento  para entendermos o seu desenvolvimento filosófico e social. Está evidente pela história da Dialética que esta não foi uma invenção filosófica do século XVIII/XIX e muito menos criada por Marx, a Dialética tem raízes profundas na história da humanidade e tem se mostrado comprometida em fazer lúcido o homem apagado, reprimido e manipulado por poderes dominantes.

REFERÊNCIAS

CASTRO, A. Mª.; DIAS, E. F. Introdução ao Pensamento Sociológico. 2. ed. Rio de Janeiro: Eldorado, 1974.


FRIGOTTO, G. O Enfoque da Dialética Materialista Histórica na Pesquisa Educacional. In: Metodologia da pesquisa educacional. 3. ed. São Paulo: Mª. Cortez, 1994.


GADOTTI, M. Pedagogia da Práxis. São Paulo: Instituto Paulo Freire, Editora Cortez 1995.


LAKATOS, E. Mª; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 2.Ed. São Paulo: Editora Atlas, 1995.


KONDER, L. O que é Dialética. 20. ed., São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.


MARX, K. & ENGELS, F. A Ideologia Alemã. 7. ed. São Paulo; Editora Hucitec, 1989.


VAZQUEZ, A. S. Filosofia da Práxis. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1977.

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