segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

IX COLÓQUIO NACIONAL E II INTERNACIONAL DO MUSEU PEDAGÓGICO

IX COLÓQUIO NACIONAL E II COLÓQUIO INTERNACIONAL
DO MUSEU PEDAGÓGICO: DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS
DAS CIÊNCIAS NA ATUALIDADE COLÓQUIO NACIONAL E II COLÓQUIO INTERNACIONAL DO MUSEU PEDAGÓGICO: DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS DAS CIÊNCIAS NA ATUALIDADE COLÓQUIO TEMÁTICO.


PALESTRA DE ABERTURA DO COLÓQUIO

EDUCAÇÃO DO CAMPO E OS DESAFIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS E INTERDISIPLINARES

 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA LUTA DE CLASSES CONTEMPORÂNEA: O foco na Educação do Campo

 FÁTIMA  MORAES GARCIA – PROFA. DRA. ADJUNTO-LEPEMS/CNPQ/UESB
 CELI NELZA ZULKE TAFFAREL – PROFA DRA. TITULAR - FACED/UFBA. 
 

> Delimitamos seis teses para debater sobre A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO DA LUTA DE CLASSES CONTEMPORANEA. São seis teses do campo singular da teoria marxista sobre o modo de produção da vida e a Educação, colocadas na particularidade da luta dos trabalhadores brasileiros, que se situa na luta mais geral, de caráter internacional, da classe trabalhadora, contra o capital.
> As colocamos de inicio, porque são pontos acirrados de disputa entre o projeto burguês de sociedade e de escola e o projeto histórico de um modo de produção da vida e de escola que a classe trabalhadora vem defendendo ao longo da história 
> As colocamos porque constatamos e a economia política marxista explica que o capitalismo enquanto modo de produção da vida, baseado na propriedade privada dos meios de produção, a organização do poder da burguesia no Estado e, os valores da família burguesa, estão destruindo a possibilidade de vida no planeta terra.
Pela perspectiva da crítica marxista
A) que não existe um modelo de educação a partir do qual seria medida a educação existente ou que seria preparada a educação do futuro. Existe o que está posto a partir do qual se constrói o ‘la contra’. Não é um plano alternativo de educação, nem tampouco a educação de um plano alternativo de sociedade, igualmente inexistente. Não é uma dedução a partir de um suposto modelo de sociedade, mas, sim, da expressão geral do movimento real.  
B) que a critica tem que ser materialista. Não têm sentindo a crítica a partir de possíveis ideais educativos ou de uma determinada idéia definida de homem e das suas necessidades. Ao contrário: a crítica deve ser construída sobre a base de que não existem nem homem abstrato, nem homem em geral, mas sim o homem que vive dentro de uma dada sociedade e em um dado momento histórico, que está determinado pela configuração social e pelo desenvolvimento histórico concretos, dos quais emergem necessidades, não limitadas somente ao homem, mas, sim necessidades históricas e sociais, entre as quais estão as necessidades no aspecto educativo. 
C) a crítica não deve perder em momento algum a visão de totalidade - histórica e social. Se um dos objetivos confessos de toda educação é formar a consciência do homem, a crítica da educação deve abarcar todas as vias através das quais se produz e reproduz a consciência social e individual. 
D) crítica deve mostrar a relação entre valores educativos e as condições das bases materiais que os sustentam e deve contribuir para a sua destruição. A crítica destes valores educativos é, por sua vez, a crítica de todo o reformismo pedagógico que consiste em modificar as consciências através da ação educativa, da inculcação, da ação pedagógica. 
E) a análise econômica terá muito a dizer, situando a educação dentro do processo de produção e reprodução do capital e do valor, explicitando qual o papel que ela joga neste processo. 
F) há que se compreender a valoração crítica da educação realmente existente, das idéias dominantes e outros aspectos da vida social que contribuem para os sucessos ou fracassos no campo da educação, que significa buscar a solução para antíteses reais nas tendências reais existentes. (ENGUITA, 1985, pp. 85-87).
Teses geral
> A primeira tese diz respeito à como nos tornamos seres humanos ao longo da história e constituímos os modos de produção da vida. Desde os modos comunais até o modo de produção capitalista. Diz respeito a necessidade histórica, enquanto seres humanos, de produzir e reproduzir as nossas condições de existência, sem o que não nos mantemos em pé. Portanto, o primeiro ato histórico do ser humano é manter suas vidas produzindo e reproduzindo as condições da existência.
Primeira tese específica 
> A primeira tese diz respeito a função social da escola que é elevar a capacidade teórica dos estudantes, o que passa pelo desenvolvimento da capacidade cientifica, a atitude científica, passa pela valorização da aquisição, pelo estudante, dos conhecimentos científicos, artísticos e filosóficos em sua forma mais desenvolvida, o que implica no desenvolvimento de funções psicológicas superiores.
Segunda tese
> A segunda tese diz respeito aos trabalhadores em educação, sua formação, remuneração, assistência, saúde, previdência. Em especial o professor e sua formação que deve permitir o desenvolvimento de uma consistente base teórica, um conhecimento critico para combater as pedagogias do capital e o projeto mundial de educação que são hegemonicamente sustentados nos cursos de pedagogia e nas licenciaturas em geral.
Terceira tese 
> A terceira tese que esta escola sustente um programa de vida que tenha o trabalho socialmente útil como principio educativo – que se desenvolva com base em um currículo de tempo integral, de referencia nacional, que permita o acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos, as humanidades e arte, a educação física, que tem no esporte, no jogo, na dança, nas lutas, nas ginásticas a expressão de suas formas mais elaboradas.
Quarta tese
> Quarta tese que o financiamento desta escola não esteja atrelado ao Produto Interno Bruto e a Leis de Responsabilidade Fiscal. Que esta escola seja financiada de acordo com o cálculo resultante do custo aluno, com base no padrão unitário nacional de qualidade, definidos pelos trabalhadores em educação e seus organismos de classe e que se aplique a legislação vigente sobre financiamento.  
Quinta tese 
> A quinta tese, a autonomia da gestão e administração escolar, do estado, de governo, de governantes, de seus programas, das igrejas e suas crenças, sejam elas católica, protestantes, evangélicas, pentecostais, espíritas e de raízes africanas. Autonomia em relação a partidos e sindicatos, autonomia em relação a Conselhos Profissionais que infernizam os trabalhadores da educação... Lutar contra a nova governança mundial que pretende construir consensos e edificar uma escola sem que o estado assuma sua responsabilidade no financiamento.

Para concluir... 
> Quanto às dificuldades que enfrentamos elas decorrem de muitos fatores a serem profundamente estudados, mas aqui queremos destacar que estas dificuldades decorrem em função da separação que se faz entre premissas teóricas e programáticas. Separação entre condições objetivas e subjetivas para enfrentarmos os processos violentos que se avizinham. As relações políticas que estão estabelecidas estão forjando uma intersubjetividade e um sistema de valores da classe trabalhadora que a mentem refém, alienada, subsumida ao capital e sua lógica.
> Portanto, concluímos reafirmando que no plano mais geral da luta de classe, a luta é permanente, é internacional...

Referencias bibliográficas 
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