LICENCIATURAS DA UESB E A INTERDISCIPLINARIEDADE EM EDUCAÇÃO DO CAMPO: AS POSSIBILIDADES DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NA ESCOLA DE ITAJURU
5º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária
Com o tema As Fronteiras da Extensão, o Congresso fo¡ sediado na cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, nos dias 8 a 11 de novembro de 2011, e teve como objetivo a troca de experiências, apresentação de propostas e resultados e principalmente a oportunidade de refletir criticamente sobre a extensão universitária no Brasil.
Autores:
Fátima Moraes Garcia1
Ádila da Silva Vaz 2
Islan Teles Amorim3
1 Professora Adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Membro pesquisador do
Grupo de Estudos em Ideologia e Lutas de Classe/GEILC/Museu Pedagógico/CNPQ. Coordenadora da Linha
de Estudos e Pesquisa em Educação e Movimentos Sociais/LEPMS/CNPQ e Coordenadora do Subprojeto
“Licenciaturas da UESB e a Interdisciplinaridade em Educação do Campo” - PIBID/CAPES/UESB.
2 Licencianda do Curso de Biologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), bolsista no
Subprojeto “Licenciaturas da UESB e a Interdisciplinaridade em Educação do Campo” -
PIBID/CAPES/UESB; Estudante pesquisador da Linha de Estudos e Pesquisa em Educação e Movimentos
Sociais/LEPMS/GEILC/Museu Pedagógico/CNPQ.
3 Licenciando do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), bolsista no
Subprojeto “Licenciaturas da UESB e a Interdisciplinaridade em Educação do Campo” -
PIBID/CAPES/UESB; Estudante pesquisador da Linha de Estudos e Pesquisa em Educação e Movimentos
Sociais/LEPMS/GEILC/Museu Pedagógico/CNPQ.
Resumo:
Este artigo trata do trabalho de extensão e pesquisa que vem sendo realizado na escola
anexa de Itajuru/Ensino Médio do Colégio Estadual Luis Viana Filho – Jequié/BA, com
licenciandos da UESB. O trabalho em questão tem buscado bases metodológicas nos
estudos sobre a organização do trabalho pedagógico em Freitas (2003) e Kuenzer (1998).
Motivo que situamos aqui alguns pressupostos teórico-metodológicos que orientam a
concepção de trabalho pedagógico que vem sendo sistematizado pelo sub-projeto “As
licenciaturas da UESB e a interdisciplinariedade em Educação do Campo” - PIBID. Os
seus objetivos tratam de: Valorizar a formação interdisciplinar; Qualificar e capacitar
licenciandos para a organização do trabalho pedagógico na escola do campo; Ampliar o
conhecimento pela mediação escola-comunidade; e, Ampliar a consciência do trabalho
docente a partir do reconhecimento e respeito aos aspectos culturais, valores e organização
social do campo. Em relação a resultados, que ainda são preliminares, temos a criação do
Trabalho Cooperado Pedagógico/TPC, como um método que abrange as atividades de
extensão/ensino e pesquisa, ao mesmo tempo em que possibilita a experiência pedagógica
de discentes em sala de aula. Em termos de conclusões destacamos em especial a
necessidade de construção por parte das escolas do campo de um Projeto Político
Pedagógico próprio, que esteja em acordo com as reais necessidades da sua comunidade.
Palavras-chave: educação do campo - metodologia - organização do trabalho pedagógico
Introdução
O trabalho em questão faz parte do Projeto “Microrrede Ensino-Aprendizagem-Formação” que esta integrado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência/PIBID/CAPES/Edital 2009. O projeto Microrrede engloba tanto a dimensão de atividade extencionista como a de pesquisa, fator que tem possibilitado uma expressiva relação da Universidade, através dos discentes (bolsistas do projeto) de diferentes áreas, com a comunidade. E no caso específico deste subprojeto: “Licenciaturas da UESB e a interdisciplinariedade em educação do campo”, estamos perspectivando o aprofundamento de experiências pedagógicas e metodológicas por parte de licenciandos com o ensino médio de uma escola do campo.
A escola de ensino médio e a formação docente que estamos aqui referendando voltam-se a educação do campo pensada a luz das necessidades socioeconômicas e culturais dos povos que vivem no/do campo, tendo como base as Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas Escolas do Campo (Lei nº 10.172 de 09/01/2001). Nesse sentido, compreende-se a escola rural a partir de um cenário social que estabelece a mediação entre totalidade e particularidade dos fenômenos sociais que determinam, em especial, a prática social e a formação de crianças e jovens em comunidades rurais.
Logo, pensar a educação na área rural é compreender que ela não se limita ao espaço escolar, pois está presente também no movimento e na organização do seu povo. Embora a escolarização seja importante, ela é apenas um dos espaços da formação humana, porém os cursos de licenciaturas diante de seus formatos conservadores acabam fragmentando a formação dos profissionais, fazendo com que estes não tenham acesso amplo e crítico sobre diferentes contextos sociais e sobre experiências já existentes de propostas educativas com perspectivas de transformação social.
A relevância deste projeto, de incentivo a docência, ao ser realizado na UESB, em parceria com as escolas de ensino básico, perspectiva trazer para as escolas do campo, do município de Jequié, outros estudos, debates, propostas, formação de professores, práticas pedagógicas e possibilidades de relacionar a universidade com a escola e sua comunidade. Seguindo, portanto, a orientação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, nos propomos neste subprojeto a trabalhar com a Escola Estadual Ednalva Miranda (Anexa do Colégio Luiz Viana, no Distrito de Itajurú).
Entre os objetivos propostos para a qualificação docente dos licenciandos que participam do projeto destaca-se: O aperfeiçoamento na formação interdisciplinar; o aprofundamento teórico-metodológico para o ensino escolar no campo; A qualificação e capacitação para a organização do trabalho pedagógico na escola do campo; A ampliação do trato com o conhecimento pela mediação escola-comunidade; O compromisso consciente com a educação da população que vive no/do campo; A ampliação da consciência do trabalho docente a partir do reconhecimento e respeito aos aspectos culturais, valores e organização social do campo; A capacidade de articular as dimensões do universal, particular e singular e suas determinações para a realidade dos povos que vivem no campo; Aprender a reconhecer as contradições e tensões sociais, políticas e econômicas que permeiam a escola do campo; Aprender a identificar e criar possibilidades de desenvolver o trabalho pedagógico potencializando a escola do campo, para o ensino médio e técnico; e, a compreensão aprofundada a respeito de políticas públicas para educação, especialmente sobre a história, construção e implementação das Diretrizes Operacionais para as Escolas de Ensino Básico do Campo.
Aspectos teórico-metodológicos
O projeto se sustenta na pesquisa qualitativa (Minayo, 1994, 2004) através das abordagens da pesquisa-ação e participante (Thiollet, 1994), seguindo essa lógica de investigação, tanto os estudos do campo teórico como do prático estão sendo orientados pelas categorias de método e de conteúdo (Kuenzer, 1998). Para a coleta de dados, inicialmente, usamos os seguintes instrumentos: entrevistas semi-estruturadas com os alunos e professores do Ensino Médio/Anexo em Itajurú, dados da realidade, observações sobre o trabalho pedagógico na escola e relatórios. Posteriormente foram realizadas análises desses dados, que possibilitaram a definição das categorias de conteúdo que no momento estão fundamentando o Trabalho Pedagógico Cooperado/TPC dos licenciandos da UESB, em sala de aula, através das disciplinas de biologia, química, física, matemática e português.
Através da primeira fase da investigação foi possível identificar categorias de conteúdo, vinculadas ao contexto geral da escola, entre elas destacam-se aquelas que apontam para as principais problemáticas da organização do trabalho pedagógico: Falta de identidade entre professor-aluno; Ensino-conteúdo desarticulado; Ausência de organização do trabalho pedagógico da escola; Distanciamento entre comunidade-escola e falta de formação de professor específico para a educação do campo.
A partir deste primeiro estudo, chegamos à sistematização e argumentação das categorias de conteúdo e à definição e aplicação do “Trabalho Pedagógico Cooperado - TPC”, que estamos compreendendo como o modo dialético entre a atividade de extensão e pesquisa e ao mesmo tempo como cooperação pedagógica dos licenciandos, em sala de aula, com o professor. Esta conceituação, que esta vinculada a mediação teoria e prática, decorre da necessidade de maior entrosamento dos licenciandos com a prática real do professor. Motivo que partimos para uma segunda e terceira fase do TPC, visto que também constatamos a partir dos dados da pesquisa, até então sistematizados, a impossibilidade de se fazer uma intervenção pedagógica apenas com os dados identificados e analisados na primeira fase. Compreendemos, por fim, que era ainda necessária a continuação do pesquisar dentro da sala de aula, coincidindo esta com a realidade e concretude da prática pedagógica realizada pelo professor e pelos licenciandos. Estas etapas estão desencadeando a construção de propostas para, inicialmente, superar algumas daquelas problemáticas sinalizadas pelas categorias de conteúdo. Tal construção, somente esta sendo possível devido os sinalizadores já identificados pela análise dos dados abstraídos na segunda fase da investigação através do TPC.
Conclusões preliminares
No sentido de perspectivar outra organização do trabalho pedagógico, ou seja, que venha extrapolar o trabalho pedagógico somente da sala de aula e se expandir como Organização Global do Trabalho Pedagógico da Escola, como Projeto Político-Pedagógico da Escola (Freitas, 1987: 2003), inicialmente concluímos que requer debater contradições identificadas na Escola a partir dos seguintes pontos:
a) Escola: lugar de exposição do conhecimento e de sua assimilação. Como resignificar o conhecimento para os alunos? Como reestruturar e organizar a escola para atender outra concepção de educação e trabalho?;
b) Escola: Não se tem a compreensão das leis gerais (e suas bases) de produção do conhecimento. Como organizar a formação de professores para estudar e trabalhar essas bases?;
c) Currículo: expressa em sua organização o viés ideológico da cisão manual-intelectual – compartimentalização do conhecimento. Como estimular professores e escola para a construção de outro currículo?;
d) Professor: objeto de reprodução da ideologia capitalista (pelo uso do poder, autoritarismo, pela detenção do saber, pela prática pedagógica reformista). Como tratar desses temas com os professores e buscar argumentos para novas possibilidades de tratar o conhecimento na escola? Como formar professores para a superação da formação unilateral?;
e) Aluno: adentra “formalmente” no processo de alienação a partir de sua relação com a organização geral da escola. Como relacionar o aluno com a escola de forma que este tenha a possibilidade de intervir coletivamente na sua organização? Como desalienar os alunos?; f) Objetivos e avaliação: objetivos concretizados no resultado da avaliação. Como reverter essa concepção?; Como alterar essa lógica tradicional para vir a ser um processo avaliativo pautado em conformidade com os objetivos de aprendizagem no decorrer do trabalho pedagógico?
Estes são a principio, alguns apontamentos e questionamentos que estão sendo debatidos e refletidos com os gestores da escola, com os professores e alunos para uma possível alteração da organização do trabalho pedagógico na Escola Anexa de Itajuru.
Evidencia-se que o conjunto desses fatores, e outros de igual relevância, contribuem para a existência de diferentes problemas a serem superados pela escola do campo, os quais se mesclam com as contradições mais gerais produzidas no seio da sociedade capitalista e com as contradições mais particularizadas oriundas da experiência material e subjetiva de vida de cada localidade/comunidade rural.
Importante para esse processo de atividade extencionista e pesquisa tem sido o constante refletir sobre o atual momento histórico que busca a construção de outra lógica de educação, trabalho e produção no/do campo. Ou seja, que apresenta a necessidade de mediar escola-professor-comunidade a partir da produção de um discurso e prática que faça parte dos reais interesses do povo do campo [da classe trabalhadora que vive no/do campo] de forma essencial e não superficial, como era proposta pela então educação rural que se estendeu do início do século XX até sua última década, dando margem à exclusão social de crianças e jovens ao direito à educação e contribuindo expressivamente para o êxodo rural. Motivo que trazemos como destaque o estudo da categoria contradição (de método), que explora as possibilidades das forças motoras dos fenômenos que envolvem a Escola, e que podem contribuir com a negação dos fatores alienantes reproduzidos pela mesma e, portanto, ao buscar meios para superá-los vir a organizá-la na perspectiva da formação humana emancipatória.
O trabalho em questão faz parte do Projeto “Microrrede Ensino-Aprendizagem-Formação” que esta integrado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência/PIBID/CAPES/Edital 2009. O projeto Microrrede engloba tanto a dimensão de atividade extencionista como a de pesquisa, fator que tem possibilitado uma expressiva relação da Universidade, através dos discentes (bolsistas do projeto) de diferentes áreas, com a comunidade. E no caso específico deste subprojeto: “Licenciaturas da UESB e a interdisciplinariedade em educação do campo”, estamos perspectivando o aprofundamento de experiências pedagógicas e metodológicas por parte de licenciandos com o ensino médio de uma escola do campo.
A escola de ensino médio e a formação docente que estamos aqui referendando voltam-se a educação do campo pensada a luz das necessidades socioeconômicas e culturais dos povos que vivem no/do campo, tendo como base as Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas Escolas do Campo (Lei nº 10.172 de 09/01/2001). Nesse sentido, compreende-se a escola rural a partir de um cenário social que estabelece a mediação entre totalidade e particularidade dos fenômenos sociais que determinam, em especial, a prática social e a formação de crianças e jovens em comunidades rurais.
Logo, pensar a educação na área rural é compreender que ela não se limita ao espaço escolar, pois está presente também no movimento e na organização do seu povo. Embora a escolarização seja importante, ela é apenas um dos espaços da formação humana, porém os cursos de licenciaturas diante de seus formatos conservadores acabam fragmentando a formação dos profissionais, fazendo com que estes não tenham acesso amplo e crítico sobre diferentes contextos sociais e sobre experiências já existentes de propostas educativas com perspectivas de transformação social.
A relevância deste projeto, de incentivo a docência, ao ser realizado na UESB, em parceria com as escolas de ensino básico, perspectiva trazer para as escolas do campo, do município de Jequié, outros estudos, debates, propostas, formação de professores, práticas pedagógicas e possibilidades de relacionar a universidade com a escola e sua comunidade. Seguindo, portanto, a orientação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, nos propomos neste subprojeto a trabalhar com a Escola Estadual Ednalva Miranda (Anexa do Colégio Luiz Viana, no Distrito de Itajurú).
Entre os objetivos propostos para a qualificação docente dos licenciandos que participam do projeto destaca-se: O aperfeiçoamento na formação interdisciplinar; o aprofundamento teórico-metodológico para o ensino escolar no campo; A qualificação e capacitação para a organização do trabalho pedagógico na escola do campo; A ampliação do trato com o conhecimento pela mediação escola-comunidade; O compromisso consciente com a educação da população que vive no/do campo; A ampliação da consciência do trabalho docente a partir do reconhecimento e respeito aos aspectos culturais, valores e organização social do campo; A capacidade de articular as dimensões do universal, particular e singular e suas determinações para a realidade dos povos que vivem no campo; Aprender a reconhecer as contradições e tensões sociais, políticas e econômicas que permeiam a escola do campo; Aprender a identificar e criar possibilidades de desenvolver o trabalho pedagógico potencializando a escola do campo, para o ensino médio e técnico; e, a compreensão aprofundada a respeito de políticas públicas para educação, especialmente sobre a história, construção e implementação das Diretrizes Operacionais para as Escolas de Ensino Básico do Campo.
Aspectos teórico-metodológicos
O projeto se sustenta na pesquisa qualitativa (Minayo, 1994, 2004) através das abordagens da pesquisa-ação e participante (Thiollet, 1994), seguindo essa lógica de investigação, tanto os estudos do campo teórico como do prático estão sendo orientados pelas categorias de método e de conteúdo (Kuenzer, 1998). Para a coleta de dados, inicialmente, usamos os seguintes instrumentos: entrevistas semi-estruturadas com os alunos e professores do Ensino Médio/Anexo em Itajurú, dados da realidade, observações sobre o trabalho pedagógico na escola e relatórios. Posteriormente foram realizadas análises desses dados, que possibilitaram a definição das categorias de conteúdo que no momento estão fundamentando o Trabalho Pedagógico Cooperado/TPC dos licenciandos da UESB, em sala de aula, através das disciplinas de biologia, química, física, matemática e português.
Através da primeira fase da investigação foi possível identificar categorias de conteúdo, vinculadas ao contexto geral da escola, entre elas destacam-se aquelas que apontam para as principais problemáticas da organização do trabalho pedagógico: Falta de identidade entre professor-aluno; Ensino-conteúdo desarticulado; Ausência de organização do trabalho pedagógico da escola; Distanciamento entre comunidade-escola e falta de formação de professor específico para a educação do campo.
A partir deste primeiro estudo, chegamos à sistematização e argumentação das categorias de conteúdo e à definição e aplicação do “Trabalho Pedagógico Cooperado - TPC”, que estamos compreendendo como o modo dialético entre a atividade de extensão e pesquisa e ao mesmo tempo como cooperação pedagógica dos licenciandos, em sala de aula, com o professor. Esta conceituação, que esta vinculada a mediação teoria e prática, decorre da necessidade de maior entrosamento dos licenciandos com a prática real do professor. Motivo que partimos para uma segunda e terceira fase do TPC, visto que também constatamos a partir dos dados da pesquisa, até então sistematizados, a impossibilidade de se fazer uma intervenção pedagógica apenas com os dados identificados e analisados na primeira fase. Compreendemos, por fim, que era ainda necessária a continuação do pesquisar dentro da sala de aula, coincidindo esta com a realidade e concretude da prática pedagógica realizada pelo professor e pelos licenciandos. Estas etapas estão desencadeando a construção de propostas para, inicialmente, superar algumas daquelas problemáticas sinalizadas pelas categorias de conteúdo. Tal construção, somente esta sendo possível devido os sinalizadores já identificados pela análise dos dados abstraídos na segunda fase da investigação através do TPC.
Conclusões preliminares
No sentido de perspectivar outra organização do trabalho pedagógico, ou seja, que venha extrapolar o trabalho pedagógico somente da sala de aula e se expandir como Organização Global do Trabalho Pedagógico da Escola, como Projeto Político-Pedagógico da Escola (Freitas, 1987: 2003), inicialmente concluímos que requer debater contradições identificadas na Escola a partir dos seguintes pontos:
a) Escola: lugar de exposição do conhecimento e de sua assimilação. Como resignificar o conhecimento para os alunos? Como reestruturar e organizar a escola para atender outra concepção de educação e trabalho?;
b) Escola: Não se tem a compreensão das leis gerais (e suas bases) de produção do conhecimento. Como organizar a formação de professores para estudar e trabalhar essas bases?;
c) Currículo: expressa em sua organização o viés ideológico da cisão manual-intelectual – compartimentalização do conhecimento. Como estimular professores e escola para a construção de outro currículo?;
d) Professor: objeto de reprodução da ideologia capitalista (pelo uso do poder, autoritarismo, pela detenção do saber, pela prática pedagógica reformista). Como tratar desses temas com os professores e buscar argumentos para novas possibilidades de tratar o conhecimento na escola? Como formar professores para a superação da formação unilateral?;
e) Aluno: adentra “formalmente” no processo de alienação a partir de sua relação com a organização geral da escola. Como relacionar o aluno com a escola de forma que este tenha a possibilidade de intervir coletivamente na sua organização? Como desalienar os alunos?; f) Objetivos e avaliação: objetivos concretizados no resultado da avaliação. Como reverter essa concepção?; Como alterar essa lógica tradicional para vir a ser um processo avaliativo pautado em conformidade com os objetivos de aprendizagem no decorrer do trabalho pedagógico?
Estes são a principio, alguns apontamentos e questionamentos que estão sendo debatidos e refletidos com os gestores da escola, com os professores e alunos para uma possível alteração da organização do trabalho pedagógico na Escola Anexa de Itajuru.
Evidencia-se que o conjunto desses fatores, e outros de igual relevância, contribuem para a existência de diferentes problemas a serem superados pela escola do campo, os quais se mesclam com as contradições mais gerais produzidas no seio da sociedade capitalista e com as contradições mais particularizadas oriundas da experiência material e subjetiva de vida de cada localidade/comunidade rural.
Importante para esse processo de atividade extencionista e pesquisa tem sido o constante refletir sobre o atual momento histórico que busca a construção de outra lógica de educação, trabalho e produção no/do campo. Ou seja, que apresenta a necessidade de mediar escola-professor-comunidade a partir da produção de um discurso e prática que faça parte dos reais interesses do povo do campo [da classe trabalhadora que vive no/do campo] de forma essencial e não superficial, como era proposta pela então educação rural que se estendeu do início do século XX até sua última década, dando margem à exclusão social de crianças e jovens ao direito à educação e contribuindo expressivamente para o êxodo rural. Motivo que trazemos como destaque o estudo da categoria contradição (de método), que explora as possibilidades das forças motoras dos fenômenos que envolvem a Escola, e que podem contribuir com a negação dos fatores alienantes reproduzidos pela mesma e, portanto, ao buscar meios para superá-los vir a organizá-la na perspectiva da formação humana emancipatória.
Bibliografia
FREITAS, Luis Carlos. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. 6a.
Ed. Campinas, SP: Papirus. (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico). 2003.
FREITAS, Luis Carlos. Projeto Histórico, Ciência Pedagógica e “Didática”. Revista
Educação e Sociedade, Faculdade de Educação/UNICAMP: Nº 27/Set. 1987.
KUENZER, Acácia Zeneida. Desafios teórico-metodológicos da reflexão trabalho-
educação e o papel social da escola. In.: Educação e Crise do Trabalho: perspectivas de
final de século. Org. Gaudêncio Frigotto. Petrópolis: Vozes. 1998.
MINAYO, Maria Cecília. de S. O Desafio do Conhecimento. Pesquisa Qualitativa em
Saúde. 7ª ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco. 2000.
THIOLLET, Michael. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1994.
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